O setor de seguros no Brasil vive uma transformação sem precedentes. Em um cenário de crise econômica e incertezas globais, as seguradoras tradicionais e as insurtechs se uniram para propor soluções que combinam tecnologia e humanização. Hoje, falar de seguros é falar de proteção, mas também de inovação, agilidade e personalização. A cada dia surgem novos modelos de negócio e ferramentas digitais que tornam o mercado mais acessível e eficiente. A digitalização de processos, a coleta de dados em tempo real e a aplicação de algoritmos avançados estão redefinindo a forma como adquirimos e gerenciamos seguros. Neste artigo, você vai entender como as insurtechs estão revolucionando o setor e o que isso significa para você.

O Crescimento do Setor de Seguros no Brasil

Em 2024, o mercado de seguros brasileiro cresceu 11,4%, um avanço real de aproximadamente 7% quando se desconta a inflação. Esse ritmo supera consistentemente o crescimento do PIB, demonstrando a força do setor mesmo em períodos de instabilidade econômica. Enquanto muitos segmentos lutam para retomar patamares pré-pandemia, o mercado de seguros segue em expansão, movimentando recursos e gerando empregos qualificados.

O Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS) estabelece a meta de que esse segmento represente 10% do PIB até 2030. Para alcançar esse objetivo, é essencial ampliar a penetração do seguro em regiões menos cobertas, como Norte e Nordeste, além de bolsa de microseguro para pequenas empresas e populações de baixa renda. A democratização do acesso passa pelo desenvolvimento de produtos simplificados e por canais de venda mais eficientes.

Comparado a outros mercados da América Latina, o Brasil já lidera em volume de prêmios, mas ainda há espaço para crescer. Com uma taxa de penetração abaixo de 4%, somos desafiados a criar soluções que atendam às especificidades locais, desde seguros agrícolas até coberturas voltadas a motoristas de aplicativos.

Investimentos em Inovação: Um Salto de R$ 19,6 bilhões

As seguradoras brasileiras investiram aproximadamente R$ 19,6 bilhões em inovação no último ano, segundo dados da CNseg. Esse montante reflete um compromisso com a transformação digital e com a modernização de processos internos, resultando em produtos mais ágeis, competitivos e alinhados às necessidades do consumidor.

Em âmbito global, o segundo trimestre de 2025 registrou US$ 1,6 bilhão em aportes para insurtechs, um aumento de 23% em relação ao trimestre anterior. Plataformas de precificação baseadas em inteligência artificial, como Hyperexponential e Akur8, se destacam por usar machine learning para analisar grandes volumes de dados e oferecer preços mais justos.

Além dos gigantes de tecnologia, startups locais têm se destacado por soluções de nicho, como seguros paramétricos para cobertura de eventos climáticos extremos e aplicativos móveis que utilizam IoT para monitorar saúde e bem-estar dos segurados. Casos de sucesso mostram como parcerias entre seguradoras tradicionais e fintechs podem gerar produtos inéditos e escaláveis.

Ecossistema Vibrante de Insurtechs

O Brasil abriga 206 insurtechs, de um total de 502 empresas na América Latina, conforme o estudo Latam Insurtech Journey. Esse ecossistema robusto e colaborativo envolve aceleradoras, fundos de investimento, hubs de inovação e grandes players que fomentam a criação de soluções disruptivas.

Uma das principais razões para a queda da taxa de mortalidade de startups, de 12% para 7%, foi a adoção do sandbox regulatório pela SUSEP. Esse ambiente controlado permite testar produtos com supervisão e segurança, acelerando a entrada de novas empresas no mercado.

Eventos como o ITC Vegas 2025 e conferências regionais no Brasil reúnem milhares de profissionais para debater tendências e apresentar cases. Esses encontros fortalecem a cultura de inovação e geram networking entre empreendedores, investidores e reguladores.

Tecnologias que Estão Moldando o Futuro

As inovações tecnológicas são a base das insurtechs. Quatro pilares se destacam como motores de evolução:

Essas tecnologias avançadas e disruptivas permitem criar produtos modulares, escaláveis e ajustáveis a cenários de muita volatilidade, como mudanças climáticas e novas normas regulatórias.

A adoção de plataformas de low-code e APIs facilita a integração entre sistemas legados e soluções emergentes, acelerando ciclos de desenvolvimento e diminuindo o time-to-market.

Modelos de Negócio que Revolucionam o Mercado

As insurtechs adotam modelos de negócio inovadores para conquistar diferentes perfis de clientes e segmentos:

• Seguros Embarcados (Embedded Insurance) integrados a apps de mobilidade, bancos digitais e e-commerce, reduzindo atritos na contratação.
• Políticas Sob Demanda e Baseadas no Uso, que cobram apenas pelos períodos ou comportamentos cobertos, ideal para motoristas de aplicativo.
• Marketplaces Digitais que comparam ofertas de diversas seguradoras e oferecem recomendações personalizadas, promovendo gestão da distribuição eficiente.

Além disso, modelos peer-to-peer e cooperativas digitais surgem como alternativas de menor custo e maior transparência, fortalecendo comunidades e incentivando práticas colaborativas.

Personalização e Experiência do Cliente

O cliente de hoje busca processos rápidos, comunicação clara e soluções sob medida. As insurtechs investem em UX/UI aprimorado, chatbots de última geração e portais mobile-friendly para oferecer autonomia ao usuário.

Com o uso de big data e analytics, é possível analisar o comportamento do segurado e antecipar necessidades, criando pacotes que vão além da proteção convencional, incluindo programas de bem-estar, monitoramento de saúde e serviços de assistência 24 horas.

Essa abordagem fortalece o relacionamento, aumenta a fidelização e melhora a percepção de valor, consolidando a posição das insurtechs como protagonistas de uma experiência de compra simplificada e agradável.

Desafios e Regulação

Inovar em um setor tão regulado exige atenção redobrada a compliance e segurança. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) impõe regras rígidas sobre coleta e uso de informações pessoais, exigindo políticas claras e sistemas de monitoramento contínuo.

Questões como segurança cibernética, governança corporativa e transparência são fundamentais para manter a confiança do consumidor e atender às exigências da SUSEP e de outros órgãos reguladores. Ao mesmo tempo, as insurtechs devem lidar com incertezas políticas, macroeconômicas e mesmo climáticas, adaptando rapidamente seus modelos de negócio.

Contudo, a regulação moderna e flexível no Brasil, que incentiva a abertura de APIs e modelos societários, cria um ambiente propício para a experimentação e o crescimento sustentável.

Parcerias e Iniciativas Governamentais

A SUSEP criou grupos de trabalho com universidades, como o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), para pensar a nova fase de inovação no mercado de seguros. A proposta é criar um laboratório de seguros, reunindo pesquisadores, empresas e startups para desenvolver soluções de alto impacto.

A parceria público-privada é reforçada por editais de fomento, programas de aceleração e eventos colaborativos que incentivam a troca de conhecimentos. A presença de fundos de investimento e aceleradoras especializadas fortalece o ecossistema, atraindo talentos e recursos nacionais e internacionais.

O Futuro e o Seu Papel

Estamos à beira de uma verdadeira revolução no setor de seguros. A popularização de produtos personalizados e a digitalização de processos não apenas simplificam a vida do consumidor, mas também elevam o padrão de eficiência e competitividade do mercado.

Seja você um corretor, um empreendedor ou um cliente em busca de mais segurança, há um papel a cumprir. Informe-se sobre novas soluções, participe de eventos, busque parcerias e invista em capacitação. Quanto mais engajamento, mais acelerada a transformação.

Ao adotar novas tecnologias e modelos de negócio, juntos podemos construir um setor de seguros mais inclusivo e conectado, em que cada brasileiro tenha acesso a coberturas justas, ágeis e alinhadas ao seu cotidiano. A inovação chegou para ficar e o futuro está em nossas mãos.